
O ser humano atua por sua livre vontade,1 e embora haja nele disposição ao pecado, há também disposição à prática do Bem: “o justo, entretanto, PERSISTE no seu caminho, o homem de mãos puras redobra de coragem.” (Jó 17, 9)> “O injusto faça ainda injustiças, o impuro pratique impurezas. Mas o justo FAÇA A JUSTIÇA e o santo santifique-se ainda mais. (Apocalipse 22, 11)”
Na definição de Santo Anselmo> “justo é aquele QUE FAZ, querendo, aquilo que deve ser; e injusto o que NÃO FAZ, querendo, aquilo que deve.” (Santo Anselmo da Cantuária, in A VERDADE. Cap. XII p. 09 – Sobre a Definição da Justiça, trad. por Ruy A.C. Nunes)
O justo é o que tem a consciência da beatitude da Justiça contida na LEI DIVINA,2 e por causa dessa consciência, dispõe sua vontade e ações práticas rumo à retidão do Bem Supremo que é a Vontade de Deus:
“ANDANDO NOS MEUS ESTATUTOS, e GUARDANDO os meus juízos, e PROCEDENDO segundo a verdade, O JUSTO CERTAMENTE VIVERÁ, diz o Senhor DEUS. (Ezequiel 18.9)”
“Porque os que OUVEM A LEI NÃO SÃO JUSTOS DIANTE DE DEUS, MAS OS QUE PRATICAM A LEI HÃO DE SER JUSTIFICADOS. (Romanos 2, 13)”
“FELIZ O JUSTO, PARA ELE O BEM; ele COMERÁ o FRUTO de SUAS OBRAS.” (Isaías 3.10)
O que é justo está em tudo que é bom e louvável ao olhos de Deus.
Injusto, por seu turno, está em todo prazer que destrói ao próximo e a nós mesmos, e em toda felicidade restrita aos nossos interesses egocêntricos e perversos.
Por isso o justo é louvado, enquanto o injusto reprovado.
A justificação do ser humano não está no cumprimento da lei por mera imposição coercitiva da conduta moral, legal ou religiosa, e sim na vontade livre e perfeita de cumpri-la, por ser a lei eterna, santa, justa e boa.3
Não há justificação sem ânimo de realizar ações proativas para que o preceito que é santo, justo e bom alcance seu fim que é dignificar o ser humano perante Deus: > “Filhinhos, ninguém vos seduza: aquele QUE PRATICA A JUSTIÇA É JUSTO, como também (Jesus) é justo. (I São João 3, 7) ”
Um ladrão obrigado (sem vontade livre) a devolver o que furtou, até cumpriu a lei. Mas por cumpri-la sem consciência da JUSTIÇA e da CARIDADE, a qual só lhe viria pela FÉ, ele não se justificou, pois os Estatutos e juízos de Deus não foram cumpridos à perfeição:
“Se me amais, GUARDAREIS os meus MANDAMENTOS. (S. João 14. 15)”
“Tudo o que fazeis, FAZEI-O NA CARIDADE. (I Corintios 16, 14) ”
“Portanto, A CARIDADE É O PLENO CUMPRIMENTO DA LEI. (Romanos 13, 10)”
Pela prevaricação dos nossos primeiros pais, a qual nos sujeitou ao pecado (Isaías 64.3) e nos tornou escravos da morte e do inferno (Efésios 2.3), é certo que a humanidade perdeu a capacidade de praticar o Bem por sua própria natureza.
Mas Deus não nos daria mandamentos sem nos dar meios pelos quais pudéssemos cumpri-los “com jugo suave e peso leve.” (São Mateus 11, 30).
Por esta razão, Ele nos dá os auxílios4 da Graça Divina, que nos são comunicados pela Fé: > “porque SEM MIM, NADA PODEIS FAZER.” (S. João 15.2)
Neste contexto, ensina a Santa Igreja que o mero cumprimento da lei, por si só, desprovido da Fé que move a atingir o Bem, torna-se inservível para nos justificar.
A fé atua como MEIO, o motor sobrenatural que nos retira do estado de cumpridores inúteis da lei, para nos colocar na condição de PERFEITOS CUMPRIDORES do juízos e Estatutos Divinos:
Por isso, é dito que: >“o homem é justificado PELA FÉ, sem as observâncias da lei. (Romanos 3.28)”
Mas a fé, isoladamente, também NÃO nos justifica porque “Deus não é injusto para se ESQUECER DA VOSSA OBRA e do AMOR QUE MOSTRASTES AO SEU NOME.” (Hebreus 6. 10).
A justificação não se realiza mediante um conceito teórico e subjetivo, pois tem como FINALIDADE OBRAS PRÁTICAS, as quais serão realizadas por MEIO da Fé, como ensinou o Apóstolo São Paulo:
“Com efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos CONTINUAMENTE NAS OBRAS DA VOSSA FÉ, nos sacrifícios da vossa CARIDADE e na firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai. (I Tessalonicenses 1.3)”
“Certa é esta Doutrina, e quero que a ensines com constância e firmeza, para que os que ABRAÇARAM A FÉ em Deus SE ESFORCEM POR SE APERFEIÇOAR A SI MESMOS NA PRÁTICA DO BEM.” (Hebreus 4.8)”
Resta clarividente que entre São Paulo e São Tiago não há contradição sobre a JUSTIFICAÇÃO.
Quando São Paulo disse aos romanos, que “a FÉ foi imputada como JUSTIÇA a Abraão (Rm 4.9)” está ensinado que nada valeria ao Patriarca cumprir sem FÉ o que Deus lhe ordenou, aceitando por simples observância legal ao comando Divino de sacrificar seu filho Isaac.
Assim, a FÉ de Abraão foi a CAUSA, cujo efeito fez com que o patriarca fosse transladado à condição de JUSTO diante de Deus, por aceitar de forma livre, consciente, amorosa e perfeita, cumprir o designo de Deus: — “se Abraão foi JUSTIFICADO em virtude de SUA OBSERVÂNCIA (da lei), tem que se gloriar; mas não diante de Deus. (Romanos 4, 2)”
Já São Tiago, quando disse que “o homem É JUSTIFICADO pelas OBRAS e NÃO SOMENTE pela FÉ (2,24), e que “ABRAÃO foi JUSTIFICADO pelas OBRAS oferecendo o seu filho Isaac sobre o Altar” (2.21), estava ensinando que ele fora tido por justo, porque a sua FÉ cumpriu a FINALIDADE de levar ao cumprimento PRÁTICO do Estatuto Divino.
“Abraão OBEDECEU à minha voz e OBSERVOU os meus PRECEITOS, meus MANDAMENTOS e MINHAS LEIS.” (Gênesis 26.5)
Foi a FÉ que causou o cumprimento da vontade de Deus por OBRA DA OBEDIÊNCIA.
Desse modo, Abraão tornou-se justo, “agora manifestado por ordem do eterno Deus e, por meio das Escrituras proféticas, dado a conhecer a todas as nações, A FIM DE LEVÁ-LAS À OBEDIÊNCIA DA FÉ” (Romanos 16, 26)
Neste contexto, escreveu o Apóstolo ao povo de Tessalônia:
“Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação, e cumpra com poder todo desejo de bondade e TODA OBRA DE FÉ.” (II Tessalonicenses 1. 11)”
E assim é a justificação de toda humanidade, à luz não apenas da FÉ, mas também das OBRAS.
Nem só pela FÉ, nem só pelas OBRAS DA FÉ.
Inútil ter uma, se não dispor da outra.
Somos justificado se tivermos uma FÉ PERFEITA isenta de vicissitude que impeça uma VIVÊNCIA em plenitude da santa Obediência e da santa Caridade, necessárias ao cumprimento da LEI DIVINA e ETERNA.
Quando São Paulo escreveu a Igreja, que o “JUSTO VIVERIA PELA FÉ (Hebreus 10.38)” o sentido do verbo “viver” abrangeu além da pura existência, também um MODO DE VIDA através da FÉ, pois o escrito do Apóstolo se interpreta sistematicamente por outros versículos das Escrituras, que dizem:
“Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, MAS O JUSTO VIVE POR SUA FIDELIDADE.” (Habacuc 2.4)
“Para O JUSTO é uma alegria A PRÁTICA DA JUSTIÇA, mas é um terror para aqueles que praticam a iniquidade. (Provérbios 21, 15)”
“Meu JUSTO VIVERÁ DA FÉ. Porém, SE ELE DESFALECER, meu coração já NÃO SE AGRADARÁ DELE (Hab 2,3s). (Hebreus 10, 38)”
“ANDANDO NOS MEUS ESTATUTOS, e GUARDANDO os meus juízos, e PROCEDENDO segundo a verdade, O JUSTO CERTAMENTE VIVERÁ, diz o Senhor DEUS. (Ezequiel 18.9)”
Justificar (dikaiosyné) é um termo forense que significa não apenas se isentar da culpa e pena, mas evitar reincidir novamente no delito.
Afirmar que a GRAÇA DE DEUS nos foi dada apenas para nos redimir, e não também para nos santificar e impedir que chegássemos ao extremo dos pecados, é torná-la apenas uma licença promíscua para pecar.
E para finalizar, como bem explanou o Sacrossanto Concílio de Trento (Concílio da Contrarreforma):
- Cân. 10.Se alguém disser que os homens são justificados sem a justiça de Cristo, pela qual ele mereceu por nós; ou que é por ela mesma que eles são formalmente justos — seja excomungado [cfr. n° 795, 799].
- Cân. 11.Se alguém disser que os homens são justificados ou só pela imputação da justiça de Cristo, ou só pela remissão dos pecados, excluídas a graça e a caridade que o Espírito Santo infunde em seus corações e neles inerem; ou também que a graça pela qual somos justificados é somente um favor de Deus — seja excomungado [cfr. n° 799 e 809].
- Cân. 12.Se alguém disser que a fé que justifica não é outra coisa, senão uma confiança na divina misericórdia, que perdoa os pecados por causa de Cristo ou que é só por esta confiança que somos justificados — seja excomungado [cfr. n° 798 e 802].
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2. A Lei Nova tem como fundamento o Amor Perfeito: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos”. (São Mateus 22.34-40) “Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas. (São Mateus 22, 40)
3.Rm 7,12
4. Os auxílios principais são os SACRAMENTOS> “Vi também na mão direita de quem estava assentado no Trono, um Livro escrito por dentro e por fora, SELADO COM SETE SELOS. (Ap. 5. 1)” – “Quem é digno de abrir e desatar os selos? O Leão da Tribo de Judá, o DESCENDENTE DE DAVI, achou meio de abrir o Livro E DESATAR OS SETE SELOS. (Ap. 5. 2 e 5)”Os sacramentos deixados por Cristo são sete: Batismo, Crisma, Matrimônio, Ordem, Eucaristia, Penitência e Unção aos e
Obridado que Deus te de muita sabeduria,amor e muita Fe porque esses testos nos ajuda muito principalmente aqui na Africa onde nao temos muitos manuai e materiais para dar um bon catequese.
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Obrigado amigo, e que Deus sempre nos projeta. Rezamos sempre por nossa Santa Igreja.
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